Índice ………………………………………………………. ……...…….……. Página
1. Introdução
O
presente trabalho debruça-se sobre o iluminismo, e tem como objectivo trazer
uma abordagem de conhecimento aos estudantes sobre o mesmo.
Neste
contexto, falará da sua origem, conceito, causas do surgimento, as contradições
outrora existentes que foram eclodir em revoluções que se fundamentavam em
ideais iluministas, tais como a revolução francesa, polaca, americana entre
outras.
2. O ILUMINISMO
O pensamento ocidental antes tão marcado pelo
misticismo religioso, conheceu a partir do século XVIII uma nova possibilidade
de construção sustentada no racionalismo. O mundo físico e seus fenômenos
deixavam de ser justificados pela religião e passavam a ser explicados pela razão.
O Iluminismo foi acima de tudo uma revolução cultural porque propôs uma nova
forma de entender a natureza e a sociedade e significou uma transformação
profunda na forma de pensar, pois rompeu com a maneira como as pessoas pensavam
antes.
2.2. Conceito
O iluminismo foi um movimento
cultural que surgiu na Inglaterra tendo vigorado mais na frança entre os
séculos XVII e XVIII e tinha como principal característica uma confiança
ilimitada na razão humana como instrumento capaz de alcançar a verdade.
Segundo
Immanuel Kant, o iluminismo
representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se
impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso
da própria razão independentemente da direcção de outrem. É-se culpado da própria
tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento mas da
falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento
independentemente da direcção do outrem. “ Sapere
aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! ”
Iluminismo
é um conceito que resume diversificadas tradições filosóficas, sociais, políticas,
correntes intelectuais e atitudes religiosas.
2.3. Objectivos
O pressuposto básico do Iluminismo era a razão, e seu
objectivo era encontrar a verdade. O
iluminismo também procurava esclarecer,
iso é, os homens são produtos da educação e da sociedade em
que vivem ( esclarecer é educar). Procurava domínio da ciência,
a ciência deveria explicar o
funcionamento do universo.
Para os Iluministas o conhecimento somente podia ser
considerado verdadeiro quando fosse evidente para a razão e para os sentidos. O homem se
ilumina com o conhecimento científico. O escuro é a ignorância e a luz é a do
conhecimento. O bem é a ciência e o mal a ignorância.
3.
Causas
O Renascimento
“pode ser caracterizado como uma tendência (ou movimento) cultural laica (isto
é, não- eclesiástica), racional e científica, que se estendeu do século XIV ao
XVI. Inspirando-se na cultura grego romana, rejeitava os valores feudais a
ponto de considerar o período medieval a “Idade das trevas” (VICENTINO, DORIGO,
2011, p. 195).
O
Renascimento provoca um rompimento com as ideias medievais: para os medievais
renascer era a oportunidade que o homem recebeu, após o pecado de Adão, de
viver novamente com Cristo. A natureza despertava interesse na Idade Media,
enquanto, através dela, podia-se chegar ao Criador. A Igreja é o centro das
atenções em virtude do divino poder de unir o homem a Deus através dos
sacramentos; é o depósito vivo da verdade. É necessário crer em Deus para
entender, credo ut intelligan. Logo, a
filosofia é a escrava da teologia.
Na
modernidade, o renascimento consiste em reviver novamente aqueles valores da
Antiguidade Clássica, onde acreditavam que o homem havia se realizado mais
plenamente. Existe um pedido de renovação religiosa, das concepções políticas e
um interesse em investigar a natureza (naturalismo), seja de forma metafísica
ou científica.
Com o
renascimento o humanismo gera um antropocentrismo. O homem com sua razão é
capaz de conhecer o cosmos. O humano se aproxima de Deus partindo de atributos
específicos de sua natureza, logo está lado a lado com Ele.
3.2.
Racionalismo
O racionalismo tem por pressuposto a
razão como instrumento capaz de atingir a verdade. Para o racionalismo um
conhecimento só é verdadeiro se for apolítico, isto é, tiver validade universal
e necessidade lógica. O Racionalismo está inserido numa das causas do
Iluminismo devida a sua exigência metodológica de ideias claras e
distintas:“nada mais incluir em meus juízos além do que se apresenta tão clara
e tão distintamente ao meu espírito que eu não tenha nenhuma ocasião de pô-lo
em dúvida” (DESCARTES, 2008, p. 25).
3.3.
Empirismo
Ao contrário do racionalismo, o
Empirismo exige que o conhecimento seja baseado na experiência. É a experiência
e, em última análise, nossas percepções sensoriais que fornecem o conhecimento.
Para o Empirismo nada pode ser pensado se antes não passar pelos sentidos. Não
existem ideias inatas, isto é, ideias como germes, ou, que o homem já nasceria
com elas. “Por ocasião do nascimento, o espírito humano está vazio de
conteúdos, é uma tabula rasa, uma folha em branco sobre a qual a
experiência irá escrever. Todos os nossos conceitos, mesmo os mais universais e
abstratos, provêm da experiência” (HESSEN, 2003, p. 55).
Embora na antiguidade existam
algumas ideias Empiristas, e na Idade Moderna que essa corrente de pensamento
ganha sistematização com seus representantes principais. John Locke embora
insista na ideia estóica de que a pessoa nasce com sua mente vazia, uma folha
em branco, e afirme a experiência externa e interna, acaba por aceitar ideias a
priori para justificar a validade lógica dos conhecimentos vindos da
experiência.
3.4.
O Progresso das Ciências
A capacidade
de o homem demonstrar as leis da natureza de forma matemática, principalmente
com Newton e Galileu, gerou um clima de veneração das ciências: a razão humana
substituindo a interferência divina no Universo.
Entretanto,
propriamente dito, foi no século XVIII que aumentou o interesse humano pelas
ciências, todos os órgãos da sociedade procuravam explicações no método
cientifico e os cientistas eram venerados. Surgem novas disciplinas em virtude
dos investimentos serem considerados honrarias. Na Inglaterra surge a
mecanização industrial: a máquina de fiar, o tear hidráulico, a máquina a
vapor, o barco e a locomotiva a vapor. Todos esses progressos da primeira
revolução Industrial deixam o homem maravilhado.
Gera um
clima psicológico cientificista. O que será isso? Segundo Nicola Abbagnano, o
cientificismo é a “atitude de quem atribui importância preponderante a ciência
em comparação as outras atividades humanas, ou de quem considera que não há
limites para a validade e a extensão do conhecimento cientifico”(ABBAGNANO
2007, p. 165).
3.5.
A Reforma Protestante
O contexto
da reforma protestante está vinculado à crise religiosa da burguesia, que via
nas pregações da Igreja um verdadeiro cisco no olho: por condenar a usura e
pregar o justo preço. Assim as transações bancárias tornavam-se pecado. Entre
estas, a reforma protestante vinha também da descontentação com a
desmoralização do clero: “Os abusos e o poder excessivo de seus membros
contradiziam abertamente suas pregações moralizadoras. Embora condenassem a
usura e desconfiassem do lucro, os membros da Igreja praticavam-nos de forma
desenfreada. O comercio de bens – eclesiásticos, o uso da autoridade para
garantir privilégios, o desrespeito ao celibato clerical e até venda de cargos
eclesiásticos não era raros na Igreja desde o final da Idade Media. O maior
escândalo talvez fosse a venda de indulgencias...” (VICENTINO, DORIGO, 2001, p.
205).
O padre
agostiniano Martinho Lutero professor acadêmico afixa em 1517 em Wittenberg as
noventa e cinco teses. É considerado herege pela Igreja, mas é acolhido por uma
parte da burguesia, principalmente por subordinar a religião ao Estado.
4.
Características
4.1. Confiança exagerada na razão humana
Segundo Kant, o Iluminismo é a
capacidade que o homem recebeu de utilizar-se do seu próprio intelecto sem depender
de outros para orientá-lo.
A razão é a medida de todas as coisas. Gera-se um antropocentrismo.
Diferente daqueles valores da idade Média, que colocavam Deus no centro de
tudo, Teocentrismo. Agora Deus está lado a lado com o homem. Se Deus existe ou
não é problema de cada um.
“Penso, logo sou.” Existe no homem uma realidade que pensa e outra que é
pensada. E a realidade que pensa deve ser priorizada a realidade pensada. Para
se utilizar de uma conhecida expressão de Sócrates: “o homem é sua alma”, isto
é, sua razão.
4.2.
Anti-tradicionalismo
Os homens do
passado não souberam usar a razão, eram homens de superstição, mitos. Pregam em
virtude disso o rompimento com a Igreja que é o museu do passado. “O iluminismo
erigiu-se contra a tradição, afirmando que sua herança, na maioria das vezes, é
erro, preconceito ou superstição, e recorrendo ao juízo da razão crítica pra
contestá-la” (ABBAGNANO, 2007, p. 1150).
A herança
cultural oriunda da Idade média, baseada no cristianismo em sua maior parte, é
retrograda, obscurece a razão. Para se aderir a tradição faz-se necessário
reconhecer seu valor, assumir sua verdade e garantir a confiabilidade cultural
e o cristianismo, por ser baseado em dogmas de fé, contradiz a razão.
A aceitação
inconsciente da tradição, onde o individuo recebe o acervo cultural sem uma
analise critica, tira a liberdade de juízo da pessoa, a potencialidade de
analisar o passado e o presente. Por isso certa adesão ao anti-tradicionalismo
por parte dos “iluminados”. O futuro será melhor que qualquer passado ou
presente, afirma Voltaire.
4.3.
Naturalismo
É a crença
de que o homem é um ser bom por natureza. O mal não faz parte da natureza
humana, mas está inserida na sociedade. Afirma Rousseau “o homem nasce bom é a
sociedade que o corrompe”.Devido ao renascimento são revividos aqueles valores
gregos herdados dos poemas de Homero e Hesíodo dando preponderante importância
ao conceito de natureza; também com os primeiros filósofos e a physis.
5.
Fases
do iluminismo
Os pensadores iluministas tinham como ideal a extensão dos
princípios do conhecimento crítico a todos os campos do mundo humano. Supunham
poder contribuir para o progresso da humanidade e para a superação dos resíduos
de tirania e superstição que creditavam ao legado da Idade Média.
A maior parte dos iluministas associava ainda o ideal de conhecimento crítico à
tarefa do melhoramento do estado e da sociedade.
O uso do termo Iluminismo na forma singular justifica-se, contudo,
dadas certas tendências gerais comuns a todos os iluminismos, nomeadamente, a
ênfase nas ideias de progresso e perfeição humana, assim como a defesa do
conhecimento racional como meio para a superação de preconceitos e ideologias
tradicionais.
5.1. Primeira Fase
Pode-se afirmar que a primeira fase do Iluminismo foi
marcada por tentativas de importação do modelo de estudo dos fenômenos físicos
para a compreensão dos fenômenos humanos e culturais entre o final do século
XVII e a primeira metade do século XVIII.
A principal influência sobre a filosofia do iluminismo
proveio das concepções mecanicistas da natureza que haviam surgido na
sequência da chamada revolução científica do século XVII. Neste
contexto, o mais influente dos cientistas e filósofos da natureza foi então o
físico inglês
Isaac Newton.
5.2. Segunda Fase
No entanto, a partir da segunda metade do século XVIII,
muitos pensadores iluministas passaram a afastar-se das premissas mecanicistas
legadas pelas teorias físicas do século XVII, aproximando-se então das teorias vitalistas
que eram desenvolvidas pelas nascentes ciências da vida.
6. Os pensadores iluministas
Os principais iluministas foram:
6.1. John Locke (1632 – 1704). O Liberalismo Político
I-
A sua obra política
fundamental é Dos tratados sobre o governo
(1690)
Os
aspectos essenciais do pensamento político de Locke podem ser sintetizados em
três aspectos:
ü A
dicotomia entre Estado de Natureza, Estado de sociedade e o Contrato Social.
ü A
divisão de poderes.
ü A
limitação do poder político.
a)
A
dicotomia entre Estado de natureza, Estado de sociedade e o Contrato Social
Locke
acredita que o Estado de natureza é tendecialmente pacífico, não obstante se traduzir
numa situação em que os homens vivem sem organização, dado que não existe poder
político que os governe. Daqui resulta que, apesar de todos nascerem livres e
iguais, a lei do mais forte vai impedir que os direitos individuais possam ser
defendidos na generalidade das situações, na medida em que tem de ser objecto
de autotutela.
É
que no Estado de natureza não há leis e cada um segue a lei natural, segundo os
critérios da razão, não havendo poder político que regule a liberdade e a propriedade
individual, nem órgãos de controle social como os tribunais, todos tem de fazer
justiça pelas próprias mãos- Princípio da justiça privada.
Em
face a este panorama, a razão vai determinar que os homens concluam um contrato
social, que vai estar na base do Estado de sociedade.
O
Estado de sociedade é nestes termos, o resultado do contrato social, em
resultado do qual o poder de governar a comunidade será atribuído a alguns
desde que haja consentimento de todos. A transferência deste poder pode, no
entanto, cessar quando não for adequada aos fins que visa alcançar, na medida
em que se trata de uma delegação de poderes.
Na
base desta concepção está a ideia de que o Estado só deve actuar na esfera da
política e não na esfera da vida privada, daí o resultado que só pode actuar no
sentido de defender a propriedade da casa de indíviduo.
b)
Divisão
de poderes
Após
analisar o poder político, Locke vai defender que esta se trata em três
dificuldades:
ü A
capacidade de fazer leis (poder legislativo).
ü A
capacidade de aplicar as leis aos casos concretos, quer através da
Administração Pública, quer por intermédio dos Tribunais (poder executivo).
ü A
capacidade de conduzir as relações internacionais com os outros Estados (poder federativo).
A
parte mais relevante nesta concepção consiste no facto de se ter proposto que
cada um dos três poderes fosse exercida apenas por uma única pessoa ou entidade
distinta.
c)
A
limitação do poder político
Em
conformidade com as suas posições anteriores, vai defender que o poder está
sujeito a limites e que existe um direito de insurreição contra a tirania.
Em resumo: O
pensamento de John Lock é importante na história das ideias políticas na medida
em que: - Onde o governo era absoluto, Locke defendeu que o governo fosse
limitado,
ü Onde os homens não nasciam livres e eram
desiguais entre si, Locke defendeu que todos os homens nascem livres e iguais.
ü Onde se considerava que o poder político vinha
de Deus para os Reis, que assim governavam por direito próprio, ele veio
sustentar que a origem do poder repousava num contrato celebrado entre os homens, e que portanto todo o poder dos
governantes assentava no livre consentimento
dos governados.
ü Onde consideravam os homens como meros
súbditos, sujeitos à vontade do Rei e a mercê dos seus caprichos, Locke veio
ensinar que os homens eram cidadãos, titulares dos seus direitos originários
decorrentes da natureza humana e descobertos pela razão, direitos esses que
eram oponíveis ao Estado e que por isso, constituíam uma forma de limitação do
poder político.
ü Onde se praticava um tipo de governo em que
todos poderes do Estado se concentravam no Rei, Locke veio preconizar a divisão
dos poderes do Estado, e a sua distribuição por orgãos diferentes, nomeadamente
a um o poder de legislar, e a outro o poder de executar.
6.2. Charles Montesquieu (1689- 1755)
A sua obra política é o
Espírito
das Leis (1748).
Os
aspectos essenciais do pensamento político de Montesquieu podem ser
sintetizados em duas questões fundamentais:
a)
Inovação ao nível do método
É
um autor indutivista, dado que vai alicerçar as usas concepções num estudo do
direito vigente, nos factos da história e na observação das circunstâncias da
vida política.
Baseando-se
nesta perspectiva ele:
ü Procura
descobrir as leis científicas que podem explicar o conteúdo das normas
jurídicas, dado que defende que estas não podem ser o produto exclusivo da
imaginação do legislador, mas ser antes o resultado de uma combinação de
factores como seja a educação, o volume populacional, a natureza geográfica do
território e dos climas;
ü Formula
a teoria dos climas, nos termos da qual os homens que vivem em climas frios são
mais dinâmicos do que os que vivem em climas quentes;
ü Chama
a atenção para a relação entre a dimensão do território e o regime político,
nos termos da qual a opção por um regime despótico ou democrático dependeria do
território ser grande ou pequeno.
Sendo
assim, ele defende uma teoria de relativismo político, nos termos da qual o
sistema político deveria ser adoptado às circunstâncias concretas de cada povo,
aos factores geográficos e naturais respectivos, como o clima, a dimensão do
território, as características produtivas, a cultura e as especificidades
demográficas.
b)
A
separação dos poderes
Classifica
os regimes políticos tendo em conta o cruzamento entre a natureza de um governo (aquilo que a natureza é em sí mesmo, a sua
estrutura, o seu próprio mecanismo de funcionamento) e o princípio de um governo (aquilo que faz o governo agir, a idéia
fundamental ou mola propulsora dos governantes num dado regime político).
Esta
classificação está composta em:
ü O governo
republicano - a sua natureza assenta na pertença do poder político ao povo,
e o seu princípio assenta na virtude cívica
dos cidadãos.
ü O
governo monárquico – a sua natureza
assenta na pertença do poder político ao Rei, de acordo com as leis, e o seu
princípio assenta na honra.
ü O governo
despótico – a sua natureza assenta na pertença do poder político ao tirano
sem qualquer respeito pelas leis, e o seu princípio consiste no medo.
O
seu regime político ideal será uma monarquia limitada pelo Direito, pelo
pluralismo político - administrativo e pela separação de poderes.
O
princípio da separação de poderes constitui a sua principal contribuição para a
Ciência Política, e tem por base a idéia de que os poderes devem estar
separados, para que se possam controlar uns aos outros e, nesses termos,
garantir e salvaguardar os direitos dos cidadãos.
Considera
a existência de três poderes: o poder
legislativo, o poder executivo e
o poder judicial, que deveriam ser
repartidos por orgãos distintos.
Baseia-se
na existência de duas faculdades em cada poder do Estado: a faculdade de estatuir e a faculdade
de impedir.
Daí
determinou-se que cada poder de Estado deve ter não só a possibilidade de tomar
decisões sobre sua esfera de competência, mas também a possibilidade de travar
certas decisões de outros poderes do Estado de modo a existir um sistema de controles
recíprocos que impeçam qualquer dos poderes de assumir a totalidade do poder, e
assim abusar dele.
Em resumo: O
pensamento de Montesquieu é importante na história das ideias políticas na
medida em que, deu grande ênfase a sociologia política e foi o seu grande
impulsionador na era moderna e a doutrina da separação de poderes perduraram e
são hoje património comum de toda família democrática.
6.3. Jean- Jacques Rousseau (1712-1778)
A
sua principal obra política é o Contrato
Social (1762), no âmbito político devemos ter em consideração também o Projecto para a Constituição da Côrsega (1765) e Considerações
sobre o governo da Polónia e sobre a sua
reforma (1772).
O
pensamento do Rousseau é complexo e multifacetado, o que justifica que possa
ter influenciado simultaneamente o peansamento mais radicalmente democrático e
tenha sido o ponto de partida de ideologias totalitárias.
Este
sintetiza-se em três questões fundamentais:
a)
Estado
de natureza e o contrato social
Rousseau
tais como os outros iluministas também partia do princípio que os homens
começaram por viver em estado de natureza, e ele concebe o estado de natureza
como um paraíso perfeito e o homem como um “ bom selvagem ”.
Advoga
que o homem por natureza é bom, puro e são, sendo as suas características negativas
o resultado de uma corrupção provocada pelo processo de civilização. A
transformação do homem ocorre com o desenvolvimento da propriedade privada, com
a descoberta da agricultura e metalurgia. A evolução do homem na sociedade
trouxe consequências nefastas uma vez que com a especialização e divisão do
trabalho surge uma acentuada desigualdade social.
Neste
caso, o Estado nasce da necessidade dos homens se associarem, em vez de se
combaterem e se destruirem mutuamente, e esta sociedade é criada através do contrato social. Em resultado deste
contrato social cada homem vai alienar a sua liberdade ao corpo social, e
segundo Rousseau isto não significa que este deixa de ser livre, na medida em
que, quando obedece aos comandos do poder político, está a obedecer a si próprio.
b)
Os
conceitos de vontade geral e de soberania popular
Partindo
do princípio que a liberdade de cada um está garantida quando cada indivíduo
está sujeito a obrigações que são iguais para todos e que encontram a sua
expressão na lei, cria os conceitos de vontade
geral e de soberania popular.
A vontade
geral é a vontade do corpo político, ou é a vontade do Estado. É a vontade
da maioria que considerada como infalível, dado que defende que a maioria tem
razão e que a posição adaptada pela minoria é necessariamente errada. Nestes
termos, quem não quiser voluntariamente adequar os seus comportamentos a
decisão maioritária deve ser constrangida a fazê-lo pela força.
A
soberania popular traduz a idéia de
que a soberania reside no povo. Com base neste conceito faz a defesa da
democracia directa, considerando que a democrcaia representativa não é uma
verdadeira democracia. Em conformidade, os projectos de leis que tivessem sido
elaborados pelos representantes do povo, só
poderiam ser considerados legítimos se fossem aprovados pelo próprio
povo. Isso significa que a aprovação teria de ser feita através de um
instrumento de democracia directa: o
referendo.
c)
O
sistema de governo convencional
Rousseau
lança os fundamentos do sistema de
governo convencional, com as seguintes características:
ü É
eleita uma assembleia pelo povo, a que nao é atribuído poder de representação,
em conformidade com os pressupostos da doutrina da democracia directa;
ü É eleita uma comissão delegada pela assembleia
para exercer o poder executivo, que é um poder subordinado ao poder da
assembleia;
ü A
existência de um chefe de Estado colegial é opcional;
ü As
funções legislativas e executivas estão concentradas no mesmo orgão.
Em resumo:
O pensamento de Rousseau é importante na história das ideias políticas, na
medida em que: Muitas das suas ideias tornaram-se conceitos fundamentais do
direito público moderno, assim, a noção de soberania popular, a noção da lei
como vontade geral, a regra da maioria como forma de apurramento da vontade
colectiva do Estado (ou de outros entes menores).
Outros
iluministas:
6.4. Adam Smith (1723-1790)
O seu escrito mais famoso é A Riqueza das Nações em que ele propunha o
fim dos monopólios e da política mercantilista.
6.5. Denis Diderot e D'Alembert 1712 – 1783 e 1717 – 1783)
Elaboraram a "Enciclopédia ou
Dicionário racional das ciências, das artes e dos ofícios", composta de 33
volumes, com o propósito de sintetizar os principais conhecimentos acumulados
pela humanidade, nas diversas áreas do saber. Essa obra foi publicada pela
primeira vez na França (1751 e 1772) e tornou-se o principal veículo de
divulgação de ideias na época.
7. Impacto
O
Iluminismo teve um impacto positivo nos diversificados países, eis alguns
exemplos a seguir:
7.1.
Inglaterra
Na
Inglaterra, a influência católica havia sido definitivamente afastada do poder
político em 1688, com a Revolução
Gloriosa. A partir de então, nenhum católico voltaria a subir ao trono,
embora a igreja da Inglaterra tenha permanecido bastante próxima do Catolicismo
em termos doutrinários e de organização interna.
Sem
o controle que a Igreja Católica exercia em outras sociedades, a exemplo da
espanhola ou portuguesa é no Reino Unido que figuras como John Locke e Edward
Gibbon dispõem da liberdade de expressão necessária ao desenvolvimento de suas
ideias.
7.2. França
Neste
país de tradição católica, mas onde as correntes protestantes- os huguenotes, também desempenharam um
papel dinamizador, havia uma tensão crescente entre as estruturas políticas
conservadoras e os pensadores iluministas. Rousseau, por exemplo, é originário
duma família huguenote e colaborador da Enciclópedia, foi
perseguido e obrigado a exilar-se na Inglaterra. O conflito entre uma sociedade
feudal e católica e as novas forças de pendor protestante e mercantil, irá
culminar na Revolução Francesa.
Madame de Staël, com seu salão literário, onde avultam grandes nomes da vida
cultural e política francesa, será uma grande referência. Voltaire é retratado
como um dos maiores filósofos iluministas da história.
7.3. Alemanha
Na
Alemanha, um dos traços distintivos do Iluminismo é a inexistência do sentimento anticlerical que, por exemplo, deu a
tónica ao Iluminismo francês. Os iluministas alemães possuíam quase todos,
profundo interesse e sensibilidade religiosas, e almejavam uma reformulação das
formas de religiosidade. O nome mais conhecido neste iluminismo alemão foi o
Immanuel Kant.
7.4. Escócia
Este
embora seja um dos países mais pobres e remotos da Europa Ocidental no século
XVIII, foi um dos mais importantes espaços de produção de ideias associadas ao
Iluminismo- o Empirismo e o Pragmatismo
que foram as tendências mais marcantes do Iluminismo escocês. Os seus
defensores foram Adam Fergunson, David Hume, Francis Hutcheson, Thomas Reid e
Adam Smith.
7.5. Estados Unidos da América
Nas
colónias britânicas que formariam os futuros Estados Unidos de América, os
ideais iluministas chegaram por importação da metrópole, mas tenderam a ser
redesenhados com contornos religiosos e politicamente mais radicais. Ideias
iluministas exerceram uma enorme influência sobre o pensamento e prática
política dos chamados founding fathers
(pais fundadores) dos EUA, dentre eles estão o John Adams, Samuel Adams,
Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, Alexander Hamilton e James Madison.
7.6. Espaço Luso- Brasileiro
Em
Portugal, uma figura marcante desta época foi o Marquês de Pombal. Tendo sido
embaixador em Londres durante 7anos (1738-1745), o primeiro- ministro de
Portugal alí teria recolhido as referências que marcaram a sua orientação como
primeiro responsável político em Portugal. O Marquês de Pombal foi um marco na
história portuguesa, contrariando o legado histórico feudal e tentando por
todos os meios aproximar Portugal do modelo da sociedade inglesa. Entretanto,
Portugal mostrara-se por vezes hostil à influência daqueles que em Portugal
eram chamados pejorativamente de estrangeirados- facto pretensamente
relacionado à influência católica.
Nas
colónias americanas do Império Português, foi notável a influência de ideais
iluministas sobre os escritos económicos tanto de José de Azevedo Coutinho,
quanto de José da Silva Lisboa. Também se pode considerar como iluministas
diversos dos intelectuais que participaram de revoltas anticoloniais no final do século XVIII, tais como Claúdio
Manoel da Costa e Tomás António Gonzaga.
7.7. Moçambique
A
maior parte das ideias iluministas se fazem sentir ate hoje em Moçambique como
é o caso do liberalismo político, a divisão de poderes, assim como as ideias de
Rousseau.
O
iluminismo trouxe para Moçambique grandes transformações quer políticas,
económicas como sociais.
Em resumo:
A Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, França, 1789, é um dos muitos documentos políticos produzidos
no século XVIII
sob a inspiração do ideário iluminista.
O Iluminismo
exerceu vasta influência sobre a vida política e intelectual da maior parte dos
países ocidentais.
A época do Iluminismo foi marcada por transformações políticas tais como a
criação e consolidação de estados-nação,
a expansão de direitos civis e a redução da influência de
instituições hierárquicas como a nobreza e a igreja.
O Iluminismo forneceu boa parte do fermento intelectual de
eventos políticos que se revelariam de extrema importância para a constituição
do mundo moderno, tais como a Revolução Francesa, a Constituição polaca de
1791, a Revolução Dezembrista na Rússia em 1825, o
movimento de independência na Grécia e nos Balcãs, bem como, naturalmente, os diversos movimentos de
emancipação nacional ocorridos no continente
americano a partir de 1776.
8. Conclusão
Pode-se
concluir que com o surgimento do Iluminismo, houve uma liberdade pessoal e
social, todos tiveram o direito a propriedade privada, os três principais
poderes deixaram de estar todos monopolizados por uma só
pessoa- o Rei, e passaram a ser dirigidos por entidades diferentes (Separação
de poderes), neste caso falamos do poder Executivo, Legislativo, e Judiciário.
Começam
a surgir críticas à igreja e todos os acontecimentos que antes eram
justificados por Deus, passaram a ser justificados pelas ciências que estudavam
cada fenômeno, e concluiu-se que
o conhecimento somente podia ser considerado verdadeiro quando fosse evidente
para a razão e para os sentidos.
Também forneceu boa parte do
fermento intelectual de eventos políticos que se revelariam de extrema
importância para a constituição do mundo moderno.
O
iluminismo expandiu-se em toda parte do mundo tendo as suas ideias contribuído
positivamente para os Estados e para a sociedade em geral.
9. Bibliografia
ABBAGNANO,
Nicola. Dicionário de Filosofia. – São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2007.
ALMEIDA,
Fernando José de. Sartre: é proibido proibir. – São Paulo: Ed. FTD, 1988.
DESCARTES,
René. Discurso do Método. – São Paulo: Ed. Martin Claret, 2008.
BASTOS,
Fernando Loureiro. Ciencia Política, Guia
de Estudo. Maputo. Paulinas – Liv. e Audiovisuais, 1999
HESSEN, Johannes. Teoria do
conhecimento. São Paulo: Martins Fontes, 2003
MONDIN, Batista. Curso de
Filosofia Vl. 02. São Paulo: ed. Paulinas, 1981
VICENTINO, Claudio; DORIGO,
Gianpaolo. História para o ensino médio: história geral e do Brasil. São Paulo:
scipione, 2001.
Sem comentários:
Enviar um comentário